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27 de mar. de 2013

A nau dos insensatos

Navega em mar revolto, em meio a tempestades, tornados e furacões a Nau “Real”.

Os passageiros estão desesperados e com medo, mas a tripulação está segura, confiante de estar no caminho certo.

Seu Comandante-em-chefe tem uma fé inabalável na solidez e na boa estrutura da embarcação, por isso a colocou nessa rota perigosa e traiçoeira.



Ignora com desfaçatez impressionante os gemidos de angústia da grande maioria a bordo, numa ingratidão a quem conferiu-lhe a legitimidade da perpetuação no comando.



O cenário no interior do navio é deprimente, desolador. Os passageiros encontram-se enfastiados pelos balanços violentos das vagas conhecidas como “recessão”, muito agitadas em todos os flancos. 


Outros já sucumbiram por inanição ou se suicidaram ao depararem-se com os terríveis bancos de areia denominados “desemprego e falência”.

Enquanto isso, na cabine, a tripulação, envolta numa redoma à prova de intempéries ignora a hostilidade do tempo e os clamores das galés. 

E a Nau “Real”, a nau dos insensatos, singra os mares bravios com seu destino às profundezas abissais se os piratas não a dominarem o quanto antes.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em março/1998