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21 de abr. de 2013

Serra X Xuxa; ou, gravidez na adolescência traz riscos adicionais para as mães e encorpa as estatísticas de mortalidade infantil

O recente arranca-rabo envolvendo o Ministro da Saúde José Serra e a apresentadora de TV, Xuxa, foi um pequeno arroubo de indignação de uma autoridade que deveria ir bem fundo e, com a importância que tem, fazer uma intensa mobilização para pôr um pouco de moralidade nos programas de TV deste país. 

Infelizmente as coisas não passam de veemências esporádicas para agrado momentâneo da platéia, muito rapidamente caindo no esquecimento sem maiores consequências. 


Falo da forte crítica que o ministro fez à apresentadora por esta dar o mau exemplo da apologia à geração de filhos fora de uma união familiar, aludindo ao flagelo da gravidez na adolescência de jovens brasileiras.

Um grande pecado que acomete as pessoas é o temor de parecer antiquadas, conservadoras. 

Em nome desse temor se conformam em ver a derrocada dos valores morais que sempre fizeram parte dos humanos enquanto racionais e sociáveis, permitindo e até estimulando a permissividade exacerbada que está se tornando uma das mais insidiosas moléstias, das tantas que já estertoram esta Nação tão combalida. 

Cada geração promove mudanças de comportamento, o que é perfeitamente normal em virtude da evolução da tecnologia e dos conhecimentos a influenciarem os costumes.
 
Mas nunca promoveu um declínio tão acentuado das condições morais, cujos sintomas são os filhos ilegítimos, crimes, uso de drogas. 

O que prevalece hoje é o individualismo exacerbado em detrimento do coletivo, das reivindicações de direitos ilimitados em prejuízo da responsabilidade, da liberdade irrestrita por sobre o cadáver da ordem. 

A dissolução da família, esta instituição basilar e milenária, parece irremediavelmente deflagrada por um critério de comportamento que associa libertinagem e culto ao egocentrismo com padrões de modernismo.

“Em 1998, o SUS realizou 698.439 partos em adolescentes na faixa etária entre 10 e 19 anos. 

É um número assustador, até porque não revela a realidade completa do drama social e humano que é a gravidez precoce. 

Nele não estão computados os partos feitos na rede particular e os que ocorreram sem nenhuma assistência. 

Também não leva em conta os milhares de abortos que certamente são praticados para interromper a gravidez indesejada, a maioria das vezes nas mais precárias condições de higiene.

O que mais assusta na estatística do SUS é o fato de que ela inclui 31.857 meninas que se tornaram mães entre os 10 e os 14 anos, idade em que é simplesmente absurda a prática de relações sexuais. 

Ainda pior: entre 1993 e 1998, houve um aumento de 31% nos partos atendidos pelo SUS nessa faixa que vai até os 14 anos de idade.

Trata-se de mães crianças, na grande maioria pobres, despreparadas para a maternidade sob todos os pontos de vista: material, biológico ou psíquico. 

Independentemente da classe social a que pertençam, essas meninas interrompem seus projetos de vida antes mesmo de terem completado sua formação. 

Têm de abandonar a escola, os sonhos, a própria infância e a possibilidade de um desenvolvimento saudável numa fase importante da vida. 

São pequenas diante do desafio que é criar um filho e educá-lo, e ainda por cima submetem-se a um risco para o qual ainda não estão preparadas.

A grávida adolescente, até os 16 anos, está mais sujeita à eclâmpsia, anemia, desproporção cefalopélvica, hemorragia, parto difícil e prolongado, enfim, à morte materna. 

O risco da gravidez precoce estende-se ao bebê, comprovadamente sujeito a maior incidência de baixo peso ao nascer, maior índice de prematuridade e mortalidade infantil mais elevada.”


Ditas pelo próprio ministro, as palavras acima realmente merecem uma ampla reflexão. 

E merecem mais ainda, não apenas da Xuxa, mas de todos os que têm a responsabilidade de formar conceitos e opiniões, a reavaliarem o que andam transmitindo aos jovens. 

O sexo só deve ser praticado no momento certo e com responsabilidades, e uma menina ou um menino de 14 anos seguramente não têm maturidade para perceber realisticamente a pequena tragédia que é gerir um filho nesta fase da vida. 

Talvez seja o caso de se apelar aos apresentadores de televisão de nosso país: pensem em seu próprios filhos, senhores! 

O dinheiro somente, em nenhuma hipótese, os contemplará com a verdadeira felicidade. 

Os valores morais, com o fortalecimento do referencial familiar, sim, com certeza.

Autor: José Henrique Vaillant - Publicado em outubro/1999